A assembleia geral do Sindprev-ES aprovou, na tarde desta quarta-feira, 29, adesão da categoria à greve sanitária, caso as agências da Previdência Social (APS) do INSS sejam reabertas a partir de 24 de agosto. A assembleia também aprovou decisão contra a realização, por profissionais de referência, da análise de compatibilidade no modelo proposto pelo INSS.
Outra deliberação da assembleia foi a eleição de uma delegada e dois delegados à próxima plenária da Fenasps, cuja data ainda será definida. A delegação eleita é: Alzimar Souza Braga; Ailton Moreira da Silva e José Carlos Candeias; além do diretor Willian Aguiar que é delgado nato.
Cabe ressaltar que a deliberação em torno da greve sanitária vale também para trabalhadoras/es do Ministério da Saúde e do MTE. A assembleia virtual aconteceu pela plataforma online Google Meet.
Greve em favor da vida
Assim como a classe trabalhadora vem se adaptando em torno do trabalho remoto, do distanciamento social, do uso de máscaras, o movimento sindical vai ter que se adaptar a uma nova forma de se fazer greve. Em função da pandemia de covid-19, a Fenasps chama o movimento de greve sanitária.
Mas é importante salientar que a greve sanitária será um movimento de aprendizado e construção. É que o movimento poderá ser feito por quem está trabalhando remotamente. Afinal, quem está no trabalho remoto tem que cumprir a meta dos 90 pontos, então na greve, a trabalhadora (e o trabalhador) poderá derrubar, poderá não cumprir essa meta.
Já quem terá de retornar às agências, não deve retornar por estar em greve. Por outro lado, com apoio do sindicato, é possível se pensar em realizar atividade grevista pontual e no local de trabalho, respeitando-se as medidas de distanciamento social e protocolos de higiene. Mas a greve, de forma geral, será um momento de se reafirmar a defesa da vida!
“Fazer greve é correr risco. Como corremos o risco de perder o salário em 2015, mas a greve foi vitoriosa e toda categoria foi beneficiada pelas conquistas. Todas e todos temos condições de fazer a greve sanitária, sim. Todas servidoras e todos servidores. É verdade que cada um está numa situação. Mas cada um pode contribuir a partir dessa situação. Se houver uma unidade: pela vida, defendo que não retornemos. Greve é um ato de coragem. Entendemos que vale a pena defender a vida”, assinala a diretora do Sindprev-ES, Marli Brígida.
Se o movimento ficar mais forte, governo seguirá derrotado
O diretor da Fenasps e do Sindprev-ES, Willian Aguiar, destacou que a portaria 36/2020, do Ministério da Economia, é mais uma prova da força do movimento feito pela Federação e sindicatos de base contra a reabertura das APS. A portaria adiou, novamente, a reabertura das agências para o final de agosto.
“A portaria 36 não foi por acaso. É fruto da nossa luta. A intenção do governo é acabar com a INSS, é criar uma agência para aglutinar serviços, é jogar os regimes previdenciários do setor público nessa agência para retirar direitos. É instituir o trabalho remoto para continuar depois da pandemia. Trabalhar de casa é bom? Mas quem paga o aumento da sua conta de luz, a conta da internet ou um computador? O governo está economizando. E retornar o atendimento nas APS faz parte desse jogo”, salientou o diretor.
Vale ressaltar que desde maio o governo aponta por reabertura das APS. Mas sem nem sequer planejar devidamente, sem ter o contingente de servidores efetivos para isso e com muitas agências que não permitem a aplicação dos protocolos sanitários para se evitar a transmissão do vírus. E até sem apoio dos militares, pois da meta de contratação de quase 8 mil, bem menos da metade aceitou assumir postos nas APS.
É notória a falta de respeito à vida de brasileiras e brasileiros, por parte do governo, quando ele tensiona por retomar atividades presenciais em meio a essa terrível doença. Mas é notória também a força do movimento que tem feito o governo adiar a reabertura. Ou seja, quanto mais forte for o movimento em favor de vidas, contra o governo e a covid, mais derrotas a categoria vai impor a este governo.
Guedes mira o bolso do trabalhador
O diretor da Fenasps Moacir Lopes fez uma análise de conjuntura, reforçando a política de privatização e desmonte dos serviços públicos do governo Bolsonaro, mostrando que o funcionalismo público está na mira do ministro da Economia.
“O ministro (Paulo Guedes) fica tentando aprovar propostas contra os servidores da União. Primeiro, quis falar para servidor ficar em casa e receber só 25%. Ele tentou ano passado, não deixamos. Neste ano, também quis reduzir por conta da pandemia. Não aceitamos. E vivemos num País que não tem imposto para o rico. Mas nós estamos na mira do Guedes. Para ele, nós temos que ser destruídos”, afirmou.
Vamos virar o jogo?
A assessora política do Sindprev-ES, Lujan Maria Bacelar Miranda, exibiu um vídeo da campanha “Vamos virar o jogo” sobre dívida pública, apresentado por Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida. No vídeo, Fattorelli, fala da necessidade de unificação das lutas contra desmontes do governo: privatizações, flexibilização de leis.
A assembleia aprovou que o Sindprev-ES apoie a campanha e que a categoria também fortaleça a luta para “virar o jogo”, divulgando a iniciativa.
O vídeo da campanha pode ser acessado neste link.
Reabilitação
Na seção de informes, foi discutido sobre a realização de um Encontro Estadual de Trabalhadoras da Reabilitação Profissional. O sindicato vai fazer essa discussão em reunião da direção e depois apresentará os encaminhamentos da decisão.
Em favor da vida!
Em breve, o Sindprev-ES deve convocar nova assembleia para traçar estratégias em torno da greve sanitária, da luta em favor de vidas, contra a destruição dos serviços públicos e o saque das riquezas financeiras e naturais do nosso país.