Atentado no Hospital Infantil é reflexo da precarização da saúde pública
Há bastante tempo o Sindsaudeprev alerta e cobra providências contra a falta de segurança nos hospitais públicos. Na madrugada do dia 25 de agosto, um adolescente em conflito com a lei invadiu a sala de emergência do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), em Vitória, e atirou contra outro adolescente, que estava sendo atendido após ter sido baleado também na capital.
O fato levou pânico a pessoas que buscavam atendimento e também a trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Semanas depois do ato, o governo do Estado propôs que a partir dos 15 anos, as vítimas de acidentes de trânsito, facadas e disparo de arma de fogo tenham atendimento de urgência e emergência prestado por hospitais gerais, de adultos.
Diante da gravidade da situação e da proposta de mudança de local para atendimento de menores de idade, o Sindsaudeprev divulgou uma Carta Aberta ao Governo do Estado.
“Não teremos Saúde, Educação e Segurança Públicas, com crianças e adolescentes, mesmo em conflito com a lei, sendo tratados de forma desumana! Com trabalhadoras e trabalhadores trabalhando sem segurança e com péssimas condições de trabalho. Com a terceirização e privatização da Saúde Pública! Com o desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, à legislação do SUS (Sistema Único de Saúde) e à própria Constituição e nem com a manutenção da política econômica do Governo Federal e de seus aliados, que além de drenar os recursos públicos para banqueiros, seguradoras, fundos de pensão, grande empresariado nacional e internacional, asfixia e submete os Estados e municípios brasileiros aos ditames do poder central”, afirma a carta sindical.
Cabe destacar que não adianta nada alterar o local de atendimento de adolescentes em conflito com a lei. Afinal, isso só levará o problema para outros hospitais.
Segurança patrimonial
Segundo a coordenadora da Secretaria de Condições de Trabalho do Sindsaudeprev, Margarida Nascimento, há muitos anos que os seguranças dos hospitais públicos foram terceirizados.
Eles são contratados para proteger apenas o patrimônio físico dos hospitais. E não o principal patrimônio da saúde: os trabalhadores, as trabalhadoras, pacientes e acompanhantes.
“Nossa vida vale menos do que um arquivo”, frisou o coordenador da Regional Sul do Sindsaudeprev Ivani Canedo.